Escrevo diretamente de Caxambu (Minas Gerais), que, apesar de nos ter recebido no domingo com sol forte, no final da tarde decidiu amenizar o calor com chuva. Para quem anualmente participa do evento, provavelmente será fácil imaginar que estou em Caxambu para participar do 34º ANPOCS - Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais.
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Na verdade, é a primeira vez que participo deste evento e, coincidentemente, em atividade também nova na programação. Trata-se do Projeto TEM - Circuito de Ciência e Tecnologia. A ideia é permitir a interação entre o público e as diversas ciências em atividades que ocorrerão em 12 estações distribuídas em pontos estratégicos da cidade. Assim, a interação será com público de faixa etária e de formação diversas.
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Particularmente quanto à atividade que me coube, será uma palestra com o título A imagem de desenvolvimento da ciência. Minha palestra faz parte da programação "Conversando com a ciência", que também terá palestras com Prof. Dr. Pablo Mariconda (Filosofia/USP), que ministrará A astronomia moderna e a dissolução do cosmo antigo e medieval, Prof. Dr. Claudemir Tossato (Filosofia/UNIFESP), que ministrará Astronomia e cosmologia em Brahe e Kepler e Prof. Dr. Maurício Ramos (Filosofia/USP), que ministrará O ser vivo.
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Nesta breve postagem, além de apresentar a atividade, falarei um pouco sobre o tema que me coube, para que na Parte 2 de minha postagem possa falar com mais detalhes sobre o conteúdo e a reação do público ao mesmo. Bem, como alguns de vocês já sabem, estudei no mestrado a historiografia da ciência de Thomas Kuhn, em especial as teses que este autor defende desde a obra A estrutura das revoluções científicas até os ensaios tardios publicados na compilação O caminho desde A estrutura. Como a palestra está direcionada a público diverso e provavelmente não especializado, considerei melhor apresentar a imagem de desenvolvimento da ciência de Kuhn, como forma de moldar uma primeira perspectiva sobre a ciência nos ouvintes.
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Deste modo, seguirei o seguinte roteiro: 1) Breve apresentação sobre o Thomas Kuhn e a obra A estrutura das revoluções científicas; 2) Apresentar os modos de análise da ciência: o tradicional e o relativo à nova história da ciência; 3) Apresentar a ideia de que a ciência se desenvolve em fases sucessivas, que passa de um período pré-paradigmático ao período paradigmático; 4) Caracterizar os períodos pré-paradigmático e paradigmático; 5) Relacionar o período paradigmático com ciência normal e com os episódios de revolução científica; 6) Apresentar a ideia de que talvez existam diferentes "revoluções" na história da ciência, sendo a que ocorreu nos séculos XVI e XVII apenas uma delas; 7) Reforçar a importância do conceito de paradigma; 8) Apresentar alguns problemas de sua aplicação, especialmente com relação às chamadas ciências humanas e sociais.
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Concluirei afirmando que a ciência é um objeto histórico e, portanto, sujeito a mudanças. Sendo que a educação paradigmática não apenas fixa um modo de realização da ciência, como introduz o cientista em formação uma nova linguagem (distinta da cotidiana), método (para realização da pesquisa) e mesmo à visão de mundo distinta (relativa aos seres que interessam à pesquisa científica), que são compartilhados pela comunidade científica.
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O0.0.oO
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