domingo, 12 de dezembro de 2010

Palestra PAE: A formação do professor universitário - desafios e perspectivas



Caros,
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Este programa é voltado para os alunos da pós-graduação, que prevê duas fases de sua realização: a primeira fase chama-se Preparação Pedagógia e a segunda Estágio Supervisionado. Sendo o objetivo do PAE aprimorar a formação do pós-graduando para a atividade didática de graduação.
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Para mais infomações: http://www.fflch.usp.br/pos/.
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Participei, assim, da fase de Preparação Pedagógica, que contou com total de cinco palestras das quais participei de três. Gostaria de compartilhar com vocês o conteúdo destas palestras, pois as discussões empreendidas podem ser úteis para todos. A primeira palestra A formação do professor universitário - desafios e perspectivas foi ministrada pela Profa. Dra. Helena Chamliam (FE/USP), no dia 10 de novembro de 2010. Seguem os pontos principais da apresentação.
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A Profa. Dra. Helena Chamliam adotou nesta apresentação a perspectiva do professor na sala de aula, questionando-se como (didática) e o que ensinar (conteúdo, que pode ser abordado por níveis e áreas de conhecimento). Informa também que pesquisas recentes no curso de medicina mostraram como os alunos avaliam seus cursos, entendendo Chamliam que algumas questões levantadas poderiam ser estendidas aos demais cursos.
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Na pesquisa em questão, os alunos de medicina apontaram como pontos que consideram positivos no docente, sendo eles: a didática, o conteúdo, a boa relação entre professor e alunos, o compromisso com o ensino, a atualização e a postura ética. Por outro lado, os mesmo alunos apontaram como pontos negativos o docente que não domina os conteúdos, a falta de didática, a arrogância, a desatenção em relação ao aluno, a falta de pontualidade e de assiduidade, a desatualização, a pouca interação com os alunos, o desinteresse pela docência, a alteração de humor e a ausência de cordialidade.
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A questão seria analisar até que ponto esta postura observada pelos alunos em relação aos docentes seria fruto de uma efetiva má-vontade de seus docentes em relação à atividade em sala de aula ou seria resultado das próprias pressões institucionais sofridas por este profissional do ensino. Desta forma, Chamliam passa de uma perspectiva a partir da sala de aula para a perspectiva institucional.
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Antes, porém, é necessário distinguir entre Universidade e Ensino Superior. Para esta tarefa, Chamliam se utilizou da distinção apontada por Bireaud (1994). Bireaud na obra Os métodos pedagógicos no ensino superior, fornece, em primeiro lugar, a distinção temporal, pois enquanto Universidade data deste o século XII, Ensino Superior é expressão mais recente, utilizada especialmente a partir do século XX, significando a organização dos sistemas de ensino em níveis hierarquizados. Assim, Universidade estaria contida no sentido de Ensino Superior. Em segundo lugar, Bireaud aponta para as várias transformações que a Universidade sofreu, fazendo com que o próprio termo signifique certo mito (ligado ao conhecimento de todas as disciplinas), já Ensino Superior implica a dualidade entre massificação e especialização do conhecimento. Desta maneira, dependendo da concepção que se tem, se a de Universidade ou a de Ensino Superior, a formação poderá receber um ou outro contorno.
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Chamliam passa, assim, para quatro tipos de formação que pode ser atribuída ao Ensino Superior, tal como discriminadas por Kouganoff (1969), sendo eles: (1) formação para capacitação profissional; (2) formação de docentes para todos os níveis escolares; (3) formação de pesquisadores; (4) formação cultural. Enquanto a primeira, relativa à capacitação profissional está mais ligada às necessidades econômico-sociais, a quarta é necessária para nossa adaptação às mudanças aceleradas que nosso mundo contemporâneo vem sofrendo, apesar de tipo de formação estar perdendo velocidade no Ensino Superior. No caso do Brasil, Chamliam aponta os anos 60 e 70 (século XX) como relevantes para observação de como os cursos reagiram a estas transformações no sentido de formação, pois muitos currículos foram alterados neste período.
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Tais mudanças na formação podem, por sua vez, refletir diferentes modelos pedagógicos. Bireaud afirma que o modelo pedagógico tradicional pressupõe a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, sendo que no Brasil a criação da USP teve como fundamento esta perspectiva. Ensino, neste caso, é qualificado pela pesquisa. Mas, a criação das pós-graduações levou a que a parte da pesquisa fosse redirecionada, saindo das atividades próprias da graduação, onde ensino e pesquisa encontram-se dissociados (marco temporal na década de 70).
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Inicialmente, assim, o ensino encontra a sua legitimidade em si própria, pois está baseado na pesquisa, apesar de esta relação ser mais organizada no caso das ciências. Nestas áreas, a avaliação exerce a função de legitimação em vista da continuidade do conhecimento produzido na pesquisa. Porém, este método apresenta sinais de degradação, devido ao excesso de alunos em sala de aula, a multiplicação dos interesses e das formações almejadas por eles, o que, em última análise, prejudica o ensino proporcionado.
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Um caminho para a modificação desta degradação do ensino é repensar as atribuições da universidade. Chamliam, neste ponto, recorre a dois autores: Boaventura de S. Santos e Marilena Chauí. Quanto à Santos (1897), este condirá como atribuições da universidade: 1) a educação geral pós-secundária; 2) a investigação; 3) o fornecimento de mão de obra qualificada; 4) a educação e treino altamente especializados; 5) o fortalecimento da competitividade da economia; 6) a mobilidade social para filhos e filhas dos operários; 7) a prestação de serviços à região e à comunidade local; 8) paradigmas de aplicação de políticas nacionais; 9) preparação para os papéis de liderança nacional. Como se pode observar, as demandas são múltiplas e a universidade tenta se adaptar a todas elas.
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Seriam, portanto, desafiadores para a universidade as características do público e a quase universalização do Ensino Superior. Observa-se crescimento do número de instituições de Ensino Superior e, fundamentalmente, o aparecimento de dois tipos de alunos: aqueles que têm efetivamente interesse pela academia (estudante profundo, como denomina Bireaud) e aqueles que consideram aquele estudo mais uma fase da educação compulsória (estudante superficial, segundo Bireaud). Além disso, há instituições atualmente em especial voltadas para a formação profissional, dissociando, portanto, ensino e pesquisa. Outro problema a ser enfrentado é a demanda por cotas, pois elas partem de reivindicações sociais, que também atingem a universidade. Em que pese esta pluralidade de demandas, parece característico do sistema, ir além da diferenciação entre os tipos de alunos e provocar uma dissociação institucional. De um lado, temos as instituições voltadas para a formação profissional e que exigem produtividade dos professores (número de alunos aprovados, número de aulas etc.), sendo que provoca perda da autonomia do professor (programa de aulas já é dado, sem que haja ênfase no aperfeiçoamento). Já são instituições que nascem e realizam a dissociação entre ensino e pesquisa.
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Há, assim, a necessidade de discussão dos currículos entre os próprios docentes, devido ao aumento das pressões, pela exigência que um mesmo docente esteja apto ao ensino, pesquisa, extensão e administração acadêmica. Neste sentido, Marilena Chauí trata da Terceira fundação da universidade, sugerindo o ensino como parte do processo de surgimento do sujeito de conhecimento. Para alcançar a qualidade acadêmica, esta autora considera necessária a iniciação aos clássicos, aos problemas e às inovações, com variação e atualização dos cursos, bem como a iniciação aos estilos e técnicas de produção do conhecimento. Sendo assim, o professor deve informar e formar os seus alunos, forçando-os ao estudo de línguas estrangeiras, lutando por condições de infraestrutura, exigindo trabalhos escritos e orais e, finalmente, incentivando diversos tipos de talentos, através da recomendação de trabalhos.
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Para concluir, Chamliam aponta como perspectivas o próprio PAE (Programa de Aperfeiçoamento de Ensino), que primeiramente foi aplicado apenas como estágio, em que os pós-graduandos podiam oferecer disciplinas optativas para os alunos da graduação, sendo posteriormente incluída a fase da preparação pedagógica. Mas, de modo geral, considera que este é um momento oportuno para a reflexão sobre os aspectos implícitos da atuação docente, para que haja a possibilidade de uma autoformação, no sentido de que cada qual recupere a sua formação e que a apresente como projeto para si mesmo e, posteriormente, para a docência.
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Bibliografia Indicada:
BIREAUD, A. Os métodos pedagógicos no ensino superior. Lisboa: Porto editora, 1995.
CHAUÍ, M. USP 94: A terceira fundação. Estudos Avançados 22.
KOURGANOFF, V. A face oculta da universidade. São Paulo: Editora da UNESP, 1990.
SANTOS, B. de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1997.

2 comentários:

Pres. David Naylor disse...

Você anunciou seu objetivo como o de registro da palestra. Eu, contudo, gostaria de saber da sua avaliação crítica sobre o conteúdo dela. Gostaria de saber, particularmente, sobre sua avaliação das propostas de Boaventura e de Chauí.

Débora Aymoré disse...

Cara Luisa. Obrigada por acompanhar meu blog. Respondi para você sobre a minha experiência no PAE diretamente para o e-mail que você indicou, conforme o seu pedido. Não publiquei sei comentário, pois não sabia se você queria divulgar seu e-mail. Antenciosamente,
Débora